A circulação - Biologia

Em animais de pequenos volume, como cnidários e alguns vermes, ou com uma grande rede de câmaras e canais internos, como as esponjas, os tecidos estão em contato direto com o meio ou então muito próximos da superfície corporal. Dessa maneira, a passagem de alimentos, as trocas gasosas e a eliminação de excretas podem ser facilmente executadas por difusão direta. Esse processo, relativamente lento, é eficiente apenas quando as distâncias a serem percorridas pelas substâncias são pequenas.
Com a evolução, porém, os animais se tornaram mais complexos, e muitos deles, mais volumosos, ficando seus tecidos e órgãos cada vez mais distantes entre si e do meio exterior. A difusão direta já não era mais suficiente para promover trocas rápidas entre as células e o meio. O surgimento de um sistema transportador veio, então, garantir a circulação das substâncias pelo corpo, efetuando a distribuição de alimentos, a retirada de excretas e as trocas gasosas. Esse sistema é basicamente constituído por uma rede de vasos; um órgão propulsor, o coração; e um tecido líquido, o sangue.

O Sangue


Plasma


Contém aproximadamente 90% de água. Nele estão dissolvidas proteínas como a albumina, as globulinas, o fibrinogênio, as aglutininas, os anticorpos e muitas enzimas. Além disso, encontram-se no plasma aminoácidos, açucares, colesterol, lípidios simples e substâncias resultantes da digestão, que são distribuídas às células. Há ainda materiais da excreção nitrogenada, como uréia, ácido úrico e creatinina, removidos dos tecidos. Da composição do plasma fazem parte também vitaminas, hormônios e sais minerais.

Hemácias


As hemácias humanas são pequenas células disclóides, bicôncavas e anucleadas (sem núcleos). Em cada mm³ de sangue humano há cerca de 5 milhões delas, carregadas de hemoglobina, um pigmento respiratório transportador de oxigênio.
A hemoglobina forma um composto instável com o oxigênio. Essa propriedade garante uma pronta combinação com o oxigênio nos órgãos respiratórios, onde há alta tensão do gás, e fácil liberação desse oxigênio nos tecidos, onde ele se encontra em baixa tensão.

A circulação dupla


Neste caso, existe um circuito pulmonar (coração-pulmão-coração), que constitui a pequena circulação, e um circuito corporal ou sistêmico (coração-corpo-coração), que constitui a grande circulação.
No ser humano, o coração tem quatro câmaras - dois átrios e dois ventrículos, sendo a metade direita venosa (sangue com alta taxa de CO2) e a metade esquerda arterial (sangue com alta taxa de O2). Observe na figura ao lado que o átrio direito recebe sangue venoso vindo da cabeça e do corpo pelas duas veias cavas, superior e inferior. O átrio esquerdo recebe sangue arterial das veias pulmonares. Atravessando simultaneamente as duas válvulas, a tricúspide (lado direito) e a mitral (lado esquerdo), o sangue passa para os dois ventrículos, agora dilatados (diástole). A forte contração dos ventrículos (sístole) impele o sangue para duas grandes artérias: a pulmonar, que se ramifica e leva o sangue para os pulmões, e a aorta, que distribui o sangue para a cabeça (através das duas carótidas) e para o corpo. O ciclo se fecha quando o átrio direito recebe o sangue venoso pelas duas veias cavas, enquanto o átrio esquerdo recebe o sangue arterial vindo dos pulmões, pelas veias pulmonares.

O coração e as válvulas


Vimos que o coração tem quatro câmaras: dois átrios, que recebem sangue, e dois ventrículos, que impelem o sangue para fora. Nos pontos de saída das artérias pulmonar e aorta existem válvulas (válvulas semilunares), em forma de lâminas ou pregas, que evitam o refluxo do sangue para os ventrículos após a sua contração (sístole). A válvula tricúspide (com três lâminas) e a mitral (com duas lâminas) têm a mesma função, isto é, só deixam passar sangue num sentido. Anomalias nas válvulas (prolapsos) provocam refluxo parcial do sangue, comprometendo o trabalho cardíaco. Casos graves são consequência de infecção causada por um estreptococo que induz nosso sistema imunológico a atacar "por engano" as válvulas cardíacas, chegando a inutilizá-las. Isso leva à necessidade de cirurgias de implantes de válvulas artificiais, que requerem abertura do coração.

O trabalho de bombeamento feito pelo coração é coordenado, implicando a entrada simultânea de sangue nos dois átrios, sua passagem para os ventrículos através das válvulas e a saída, por contração dos ventrículos.

Os vasos sanguíneos


Independentemente do tipo de sangue, venoso ou arterial, que transportam, as artérias são vasos que saem do coração, e as veias, vasos que levam o sangue de volta ao coração. Assim, tanto artérias quanto veias podem transportar sangue arterial, rico em oxigênio, ou sangue venoso. Em geral, artérias têm sangue arterial e veias, sangue venoso. No entanto, a grande artéria pulmonar, que sai do coração, transporta sangue venoso, e as veias pulmonares, que chegam ao coração, transportam sangue arterial. As artérias se ramificam em arteríolas, e estas em redes de capilares, que irrigam os tecidos. Os capilares unem-se constituindo vênulas, e estas reúnem-se em veias que levam o sangue de volta ao coração.


A parede dos capilares é muito fina, pois é formada apenas por um epitélio simples, pavimentoso, o endotélio. Através dele ocorre a contínua troca de substâncias, por difusão, entre o plasma e os líquidos intercelulares.
Em nível estrutural, as artérias diferenciam-se das veias por terem paredes bem mais espessas e ricas em fibras elásticas. Nelas, o sangue circula sob alta pressão, impulsionado pelo bombeamento do coração. Em geral, as artérias situam-se mais profundamente em relação à pele, ao contrário das veias, que são bem vísiveis, superficiais.
Nas veias, a pressão sanguínea é baixa, e a volta do sangue para o coração é auxiliada pela contração da musculatura estriada, a qual, pressionando as veias, força o deslocamento no sentido de abertura das válvulas existentes nas suas paredes internas. Isso impede o refluxo do sangue. Como o fluxo sanguíneo é em geral ascendente e contra a gravidade, pessoas que permanecem em pé por muitas horas por dia têm maior propensão para apresentar varizes.

O trabalho cardíaco



A contração (sístole) da musculatura cardíaca (miocárdio) determina uma pressão no sistema arterial ligado aos ventrículos. Essa pressão arterial, medida no momento da sístola (pressão sístólica), é de mais ou menos 120 mmHg e cai para cerca de 80 mmHg no momento da diástole (pressão diastólica). Dizemos então que, em condições normais, a pressão arterial deve ser 120 por mmHg, ou, simplificando, 12 por 8.
É claro que outros valores podem ser normais, dependendo da idade. Se esses valores são permanentemente altos, fala-se em hipertensão.
Outro importante fator a ser considerado é a frequência cardíaca, que se refere ao número de contrações por minuto e pode ser medida em qualquer artéria, como as do pulso ou do pescoço (carótidas).
No homem em repouso, essa frequência é de 70 a 80 contrações por minuto. Em cada dessas contrações, o coração pode bombear de 120 a 140 mL de sangue.
Chamamos de débito cardíaco ou volume minuto a quantidade de sangue que a metade do coração (um ventrículo)  pode bombear em 1 minuto. O valor do débito cardíaco é de mais ou menos 70 mL por 70 contrações por minuto, praticamente 5 litros. Um atleta, pelo treinamento prolongado, pode ter um débito de 7 litros, ou seja, 100 mL por 70.

A linfa


Histologicamente, a linfa assemelha-se ao sangue pela presença de linfócitos e de alguns leucócitos granulócitos. Não apresenta hemácias, plaquetas, ou monócitos. As células predominantes são os linfócitos, lançados na linfa quando esta atravessa os tecidos linfóides dispersos pelo corpo.

A linfa circula numa extensa rede de capilares que acompanham os capilares sanguíneos na intimidade dos tecidos. Com isso, é possível a contínua drenagem de líquidos dos tecidos no interior dos órgãos. Quando isso não acontece, surgem os edemas ou inchaços, mais comuns nas pernas.

Os linfonodos


Ao longo da rede de vasos linfáticos dispõem-se pequenas estruturas globulares, os linfonodos. Eles têm uma cápsula fibrosa externa e, internamente, um tecido reticular linfóide, com linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Pode-se dizer que a linfa, ao percorrer o interior do linfonodo, é lentamente filtrada numa espécie de labirinto esponjoso, sofrendo a ação direta dos macrófagos e dos anticorpos produzidos pelos plasmócitos.
Numa região de infecção, os linfonodos podem se apresentar muito inchados, inflamados e dolorosos, sendo conhecidos popularmente como caroços ou ínguas, ocorrendo especialmente nas virilhas e axilas, ou ainda na região cervical (pescoço).
Outros órgãos linfóides, que variam em tamanho, localização e estrutura histológica, são encontrados em muitas regiões do corpo. Os mais conhecidos são as tonsilas palatinas (antigas amígdalas), o timo e o baço. Este último é o maior órgão linfóide e o único localizado no percurso de grandes vasos sanguíneos, no abdome.

Veja também: Sistema Nervoso Autônomo (SNA) - Biologia

1 comentários:

Gostei do teu blog. Poderás visitar alguns de meus blogs, em especial, os que foram elaborados em sala de aula e em colaboração, pelos meus alunos do 9º ano de escolaridade, do ensino básico de Portugal e, inclusive, poderás solicitar para, também passares a ser um dos colaboradores do mesmo.

Anônimo
5 de fevereiro de 2012 às 16:55 comment-delete

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